Carta aberta da APP a respeito do movimento

Segue em anexo a carta aberta que foi elaborada de acordo com o encaminhamento da assembléia da APP (16/09/2008)

Citação :

Carta Aberta da Associação de Pais e Professores do CAp UERJ


Nós, responsáveis pelos alunos do CApUERJ, vimos nos posicionar sobre o movimento docente e de funcionários técnico-administrativos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Apoiamos as reivindicações apresentadas pelo movimento, por acreditarmos que são legítimas e urgentes face ao desmonte das universidades públicas brasileiras.

Apontamos que o CApUERJ tem sido solidário e ativo participante de todos os movimentos de greve. Neste percurso, no entanto, acumulamos experiências que indicam perdas significativas para alunos, pais, professores e funcionários. Tais perdas se refletem na qualidade do ensino, no desempenho do CApUERJ nas avaliações do ENEM, na evasão e na repetência. Refletem-se também no prejuízo psicológico e na auto-estima dos alunos.
Parar o CApUERJ significa dispersão de pais, alunos e servidores, enfraquecendo o movimento. Portanto, pedimos o reconhecimento da singularidade do CApUERJ dentro da estrutura da universidade e um tratamento de excepcionalidade com a não paralisação das aulas.

Nosso pedido se baseia nos direitos de crianças e adolescentes à educação pública de qualidade e na proposta educativa do CAp, de formar cidadãos críticos.

Não podemos deixar que os alunos percam o orgulho que sempre tiveram de pertencer ao CApUERJ!

Ações propostas:
1. Total apoio às reivindicações do movimento
2. Presença de pais e alunos uniformizados nos atos do movimento (bicicleata, etc...)
3. Envio da Carta Aberta da APP ao Governador, à ALERJ e ao Reitor da UERJ
4. Solicitação de reunião dos responsáveis com os professores do CApUERJ
5. Solicitação de aula pública em local a ser definido

Tomo a liberdade de colocar de postar a resposta à carta da APP enviada para o email da APP, para que outros pais possam participar do debate.

Citação :

À APP e demais pais.

Bom dia!
Sou pai de aluno do CAp e professor da UERJ. Não poderia deixar de viver a
contradição desse duplo papel, contudo, sinto-me no dever de explicitar
minha compreensão sobre essa carta aberta. Antes porém, lamento que a
assembléia proposta tenha ocorrido em horário impossível para nós,
justificando assim minha ausência.

Meus comentários:
1. O total apoio às reinvidicações não passa de discurso quando acompanhado
de um pedido de excepcionalidade e da referência ao Estatudo da Criança e do
Adolescente pelo direito à educação, como se fosse o movimento de greve a
negação real desse direito.
2. Observamos a redução do vínculo do comprometimento dos docentes com o CAp
(a redução da renda exige trabalhar em outros lugares) e o aumento da
quantidade de professores contratados no CAp, igual às demais unidades da
UERJ. Isto é uma das coisas que revela o profundo sucateamento da UERJ e o
claro desrespeito do Governo Estadual ao direito à educação de qualidade;
3. Nesse tempo em que acumulamos perdas salariais imensas o custo das contas
diárias foram multiplicadas pelo menos três vezes. Então, entendo que pedir
que os professores ignorem a greve e mantenham as aulas representa pedir
deles o sangue para que os alunos não tenham suas aulas sem tomar
consciência da pervesidade que impera nos bastidores da Universidade na
relação com o governo. Sinceramente, não quero meus filhos numa redoma e sem
descobrir as contradições da vida. A formação de cidadãos críticos não pode
ignorar o tamanho do abismo em que a UERJ se encontra e perseguir índices no
ENEM;
4. Se esta carta foi mesmo enviada ao governador, na verdade dá a ele uma
arma para afirmar que parte da UERJ ignora a necessidade das crianças e é
insensível às suas famílias. Bem sabemos o quanto a política permite
distorcer fatos, palavras e intenções;
5. A auto-estima dos alunos precisa estar ancorada numa clara satisfação com
as atividades escolares e no ambiente de aprendizagem bem conduzido, não
numa situação remediada, disfarçando a crise e a precariedade de
infra-estrutura e demais recursos;
5. A todos os demais pais gostaria que soubessem o quanto é penosa a decisão
pela decretação de uma greve e trabalhosa e tensa a sua manutenção. Mais
ainda, os desdobramentos dela meses seguidos, mas ainda prefiro a luta e
suas cicatrizes do que carregar a culpa de não haver lutado, esta sim, um
dano emocional difícil de superar.

Fraternalmente.

Manoel Santana

Prezado Manoel Santana,

Obrigado pelos comentários. Estou tomando a liberdade de postar sua resposta no forum da APP para que outros pais possam participar do debate.

Faço um convite para que voce participe deste forum, pois acredito que o diálogo seja a melhor forma de buscar alternativas capazes chegar à um objetivo comum, representados pelas reinvindicações apoiadas por todos.

Se os diversos atores forem capazes de reconhecer que a principal discordância recai sobre a **forma de mobilização**, teremos uma chance de que o CAp seja um catalizador nesta mobilização.
Isto seria algo diferente da forma como tem sido feito nas últimas mobilizações!

A nossa manifestação hoje na assembleia da ASDUERJ teve justamente o intuito de abrir dialogo para explorar alternativas.
Temos um claro um sinal de como este diálogo é necessário pela afirmação simplificadora de a solicitação tenha sido simplesmente 'que os professores ignorem a greve'.

Bem, espero poder continuar o dialogo no forum.

Saudações fraternais,
Marcelo Buzzatti

Tenho há anos (meu filho mais velho concluiu no CAP) sensações duplas como as do Sr. Manoel, por ser profa. inclusive ex profa. da Uerj, meu marido prof. da instituição, e ter amargado inúmeras greves, TODAS COM AS MESMAS JUSTAS REIVINDICAÇÕES, que se finalizaram com ganhos ínfimos ou nada, também no que se refere aos investimentos na UERJ. Concordo com Marcelo, o diálogo pode ser a saída. É momento SIM de se repensar os mecanismos de cobrança. Não se trata de fingir que nada ocorre, muitíssimo pelo contrário, trata-se de assumir o assunto com seriedade e responsabilidade. Levar para os bancos escolares e universitários o tema e debatê-lo até a exaustão, provocar "tempestades mentais" no sentido de se buscar soluções reais. A greve tem sido utilizada como recurso primeiro e único, que em situações que envolvem macro economia até se conseguem lucros mas em se tratando de educação..... A greve passa a ser neste caso para o governante algo muito cômodo pois só precisa responder, (e as vezes nem precisa, manda assessores, fica doente, ou viaja pra bem longe), a um grupo sempre desunido de grevistas, alguns com boas intenções e levados pelo movimento, outros nem tanto, envolvidos em posições politiqueiras até a alma. O difícil prof. é separar o joio do trigo!
Quando pedimos carater especial para o colégio, de modo algum isto é contraditório ao apoio às reivindicações, e é lamentável que não se perceba as inúmeras saídas, que envolvem sem sombra de dúvida o apoio popular, a mobilização, o convencimento e a participação de todos. A briga não pode ficar circunscrita a poucos interessados e outros tantos interesseiros, sob pena de perder o seu mérito!!! Não se forma cidadão fora da sala de aula e mesmo dentro dela há de se haver grandes motivos. Pois não é o estado de coisas alegados um grande motivo???? Não é o exato momento de conclamar e unir? Também quando se refere, a carta aberta, ao estatuto e aos direitos não se pretende usar de jargão ameaçador, pois não é este o caso, mas sim de chamar a atenção sobre a seriedade do assunto!!! O que não entendemos é a dificuldade em estarmos juntos e dialogarmos quando os interesses principais são os mesmos: qualidade de educação!! Outra coisa que não se entende é que programas do governo que estão na UERj não são tocados, mas não se tem o mesmo cuidado com as nossas crianças, e alunos de um modo geral!! A muito que se conversar e acima de tudo pensar a quem interess a falta de diálogo? Abraços e que estas páginas sirvam de pontapé inicial para nos inserirmos no nosso meio como cidadãos, lutando pelas causas sociais.

Tomo a liberdade de postar a resposta recebida por email de José Gondra

Citação :

Caro.as


Impedido de comparecer às atividades regulares da UERJ, tendo em vista meu afastamento para um estágio de pós-doutoramento, quero manifestar meu integral apoio ao teor da carta.
Creio que precisamos reagir à violência com que a Universidade vem sendo tratada por sucessivos governos, inventando outras formas e mecanismos de luta que surpreendam os que nos governam, recusando esta forma de governo.
Do meu ponto de vista, a monotonia da greve deve ser evitada.
Uma sugestão de mobilização seria um dia letivo no Palácio da Guanabara. Imaginem todos alunos e professores do CAP na porta do Palácio. Cada um com sua turma, compondo uma grande turma que se insurge contra a tragédia que vem sendo estudar e ensinar na UERJ.
Que se inventem outras formas de se exercer o poder contra os que estão impedindo avançar na qualidade do ensino e nas experiências novas que podemos e devemos criar.
Um abraço

José Gondra

Tomo a liberdade de postar a resposta recebida por email de Walter Omar Kohan

Citação :

Manifesto meu apóio à carta da APP e compartilho o tom da mensagem de Gondra. Não conheço uma única pessoa de boa fê que não se indigne com a situação e as condições de trabalho e estudo na UERJ, CAP inclusive. Mas conheço muitas que, como eu mesmo, consideram a atual greve inoportuna e equivocada, com efeitos que só prejudicam aos que mais padecemos a crise e não aos que deveriam tomar medidas para resolvê-la. Espero que sejamos capazes de recriar formas de resistência e luta que nos fortaleçam e não continuem a nos debilitar. Um abraço, walter

Walter Omar Kohan
Professor Titular de Filosofia da Educação
UERJ - Campus Maracanã

Transcrição de email recebido

Citação :

Prezados Pais

Infelizmente, não foi possível ir a reunião da APP. Como o pai do meu
filho está de greve, combinamos que ele iria a reunião. Soube que ele
não pode ir somente quando busquei informações sobre a mesma.
Li o manifesto apresentado pela APP. Não houve modificação do
texto escrito como disse o professor Sebastião, houve sim uma falta
grave de adulteração de conteúdo.
São esses os representantes que nos empurram goela abaixo uma greve?
Se o movimento que eles dizem estar fazendo é legítmo, não haveria
necessidade de adulterar o texto de nossa carta.
As reivindicações são legítimas, mas a greve é estúpida!
A universidade tem um público diferente do CAP.
Toda criança em idade escolar tem direito a educaçã básica
fundamental. Os direitos de nossos filhos estão sendo prejudicados
por líderes de um movimento sem escrúpulos!
Desculpe-me, se estou sendo grosseira, mas a adulteração de uma carta
nos dá todo o direito de difamá-los por coordenar um movimento que
perde suas características de legitimidade no momento em que abusam
de nossa boa vontade.
Chega de submissão! VAMOS DIZER NÃO A GREVE NO CAP! Exigir que o
direito a educação, previsto na Constituição e no estatuto da criança
e do addolescente seja preservado! Afinal, este tem que servir não só
para beneficiar a população de menores infratores!

Nilda Villalba, mãe de aluno do CAP, depois de várias greves cansada
de remar e continuar no mesmo lugar, ex-aluna da Universidade,
atualmente trabalhando no comércico como vendedora (se fizer greve,
não come!)