Bom dia a todos,
gostaria de retomar um assunto que gerou reações extremamente agressivas por parte de algumas pessoas: a carta do CAp.
Algumas pessoas acharam que a carta enviada aos pais pela direção do colégio, bem como o vídeo exibido na escola para os alunos foram afrontas ou mesmo representaram uma “lavagem cerebral” das crianças e adolescentes que lá estudam. Discordo totalmente, pois nada foi feito às escondidas. Primeiro, recebemos a carta pela agenda de nossos filhos, e não em “latas de lixo”, como foi referido aqui neste fórum. Segundo, o recebimento ou a leitura da carta pelos pais com seus filhos não representa uma pronta aceitação de seu teor por parte de ninguém, ao contrário, o direito de discordância não foi suprimido de nenhum de nós, no entanto foi indispensável recebê-la, lê-la e construir sentido sobre a mesma em um diálogo com nossos filhos. Terceiro, o envio da carta nos apresenta a perspectiva de profissionais a quem se quer dar a oportunidade de ter direito à greve, mas sem fazer greve, como bem questiona Carlos Barão dentre outras pessoas.
O vídeo não ofende, não escraviza niguém intelectualmente, mas procura de maneira simbólica apresentar a quem puder (vale lembrar que a internet ainda é inacessível a muitas pessoas) e quiser (sem a pretensão de impor argumentos) assistí-lo. O exemplo escolhido para a exibição foram as jujubas, mas poderia ter sido a tarifa de ônibus da cidade do Rio de Janeiro, ou o material escolar dos alunos (do ensino fundamental, médio ou superior), ou quem sabe o lanche dom dia-a-dia. Bem, exemplos não faltam.
O que me surpreenderia de maneira cruel seria ver professores do CAp não poderem mencionar nada sobre a greve no espaço escolar por conta da censura vinda por parte de alguns pais que discordam das razões dos professores. Além disso, me decepcionaria ver professores incapazes de transformar a greve em asssunto de seu fazer diário, e em seu espaço de educação. Alguns reclamaram tanto que as portas estavam fechadas, agora que foram reabertas querem ditar uma cartilha aos professores de como agir e como fazer naquele espaço. Tal postura é inaceitável, ditatorial e desrespeitosa. È fundamental que a greve seja debatida com os alunos tanto na escola como em casa com seus pais.
Respeitosamente,
Marco Rodrigues
Pai/responsável do Pedro (T. 32)
PS – Quando muitos de nós começamos uma história de convívio com o CAp, portanto com a UERJ, os profissionais que lá trabalham, e vale dizer que o fazem muito bem, já contabilizavam anos do término do direito de serem valorizados, e assim permaneceram por tantos outros. Nossos filhos estão lá temporariamente, algo entre três e doze anos, no mínimo, entretanto os professores têm uma perspectiva de vivência de longo prazo naquele espaço educacional.